(Pv 29:23; Tg 4: 6- 10; I Pe 5:5-6; Is 66:2; Jo 13:1-20)
Neste mês, vamos refletir sobre a humildade como característica de uma mulher inspiradora. Essa parece não ser uma virtude muito adequada em uma sociedade que estimula a competição, que nos chama à individualidade, ao egocentrismo, à satisfação de nossas paixões pessoais. No dicionário, esse vocábulo significa: consciência da própria fraqueza ou situação. Qualidade do que é simples, modesto, singelo, respeitoso,
submisso, sem orgulho e pobre.
Estudiosos do comportamento e desenvolvimento humanos apontam algumas sugestões para que você seja humilde: aceitar as próprias limitações, reconhecer suas culpas e erros, ser grato pelo que tem, ouvir mais e falar menos, não se gabar, apreciar qualidades dos outros, evitar comparações, abrir-se ao ensino, ajudar e elogiar outros etc. É consenso que a humildade é o oposto do orgulho e da arrogância.
No sermão do Monte, Jesus começa seu ensino dizendo: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mt 5:3). Nosso Senhor colocou a humildade como uma virtude necessária para estar no Seu reino. O Dr. Martin Lloyd Jones, em seu livro Estudos no Sermão do Monte, nos afirma que as qualidades a que Jesus se referiu nesse sermão são qualidades de caráter do crente e são adquiridas na vida espiritual. Não sendo, portanto, ‘naturais’. “O evangelho pode tomar o indivíduo mais orgulhoso do mundo e transformá-lo em alguém humilde de espírito”, ele diz, na pág. 31.
Nossa conduta cristã revestida de humildade, sob a orientação do Espírito Santo, trará impacto na vida de outros, mesmo que estejamos indo na contramão do mundo. Vamos pensar um pouco sobre ser uma mulher cristã inspiradora pela humildade?
1. A mulher humilde tem uma perspectiva correta de si mesma. Ela se esvaziará, se despojará de toda a força humana, convicções idealizadas e deixará que o Senhor e sua Palavra santa sejam o centro dos seus desejos e ambições. Não se julgará superior a ninguém. O seu ‘esvaziamento” permitirá que obtenha as demais características dos bem-aventurados, sendo mansa, pacificadora, misericordiosa etc. (Mt 5:1-10)
2. A mulher humilde tem consciência de que não é popular, nem mesmo na igreja. Ela escolhe agradar a Deus (I Pe 3:3-4 e v. 8-12; Pv 31:30). O Senhor lhe dará a sabedoria necessária e o equilíbrio em sua conduta diária. Como escreve o Dr. Lloyd Jones sobre o assunto, no livro mencionado:
“O homem de Deus deveria estar interessado pelas realidades do espírito. O que deveras é humilde de espírito não precisa preocupar-se tanto com sua aparência pessoal e com a impressão que esteja causando em outros; pelo contrário, sempre dará a impressão certa.” (pág. 42)
3. A mulher que inspira por sua humildade tem um coração ensinável. Jamais achará que
sabe tudo, mas, como o salmista, ela dirá: “Fazeme, Senhor, conhecer os teus caminhos, ensiname as tuas veredas. Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois, tu és o Deus da minha salvação, em quem espero todo dia” (Sl 25: 4-5 – ARA). Sua humildade apontará para uma completa ausência de arrogância ou orgulho, e assim, sua conduta será de acordo com o ensino do Mestre.
4. A mulher cristã humilde terá como inspiração a atitude de seu Senhor. Cristo Jesus se esvaziou de sua glória, assumiu a posição de servo, se humilhou até a morte (Fl 2:5-9), lavou os pés de seus discípulos e lhes recomendou: “Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13:14-15 – ARA).
Jesus é a nossa maior inspiração quando o assunto é humildade. Ele nos convida a sermos mansos e humildes de coração (Mt 11:29). Alguns personagens da Bíblia se tornaram humildes e foram tremendamente usados por Deus: Moisés, criado pela filha do Faraó, em
um palácio, se torna líder manso e obediente a Deus, conduzindo seu povo à terra prometida (Êx 2-7). Saulo, extremamente culto e cheio de privilégios, encontra o Senhor no caminho de Damasco e nunca mais será o mesmo (At 9). Como Paulo, nome que significa baixo ou pequeno, torna-se o grande apóstolo, cujas cartas são essenciais à nossa vida cristã. Muito do que escreveu foi no sofrimento e na humilhação da prisão (Ef 4:1-3).
Um exemplo de mulher inspiradora, do século passado, é o da missionária Gladys Aylward, que serviu a Deus na China por vários anos. Nascida de família simples, na Inglaterra, sem muita instrução, aos 26 anos sentiu um forte chamado para pregar na China. Não sendo aprovada nos exames da Missão, resolveu estudar sozinha a Bíblia e a história da China. Poupou dinheiro de seu trabalho como doméstica e aos 30 anos partiu para seu campo. Foi conhecida como Ai we deh - mulher virtuosa, em chinês, e salvou mais de cem crianças, em 1938, fugindo pelas montanhas quando o exército Japonês invadiu a sua cidade. Sua vida foi contada no filme “A pousada da sexta felicidade”, com a atriz Ingrid Bergman.
“Em 1957, Gladys confessou a uma amiga: ‘Eu nunca fui a primeira opção de Deus para o que fiz na China. Havia outra pessoa. Não sei quem. Deve ter sido um homem maravilhoso e educado. Não sei o que aconteceu. Talvez ele tivesse morrido, talvez não se mostrasse disposto. Deus olhou para baixo e viu Gladys Aylward’.” (TUCKER, Ruth. In “Até os
confins da Terra” p.271).
Que humildade e convicção para servir a Deus. Uma mulher submissa e totalmente entregue ao Senhor. Uma mulher inspiradora!
Que eu e você nos coloquemos diante do Senhor,
orando para que sejamos humildes de coração e causemos impacto com nosso testemunho para a honra e a glória Dele mesmo.
por: Celene Lima
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