“Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; que o teu bondoso Espírito me conduza por terreno plano.” (Sl 143:10)
Temos tantas vontades, não é mesmo? Seguir os desejos do coração é o conselho popular que nos cerca. Como cristãos, temos algumas perguntas a responder: a minha vontade e a vontade de Deus são a mesma coisa? Qual é a vontade de Deus? E como saber se estou vivendo a Sua Vontade?
É comum pensarmos que a vontade de Deus é um mistério, um quebra-cabeças onde estamos sempre buscando as peças que faltam. Mas Deus não brinca de esconde-esconde; a Sua vontade é clara e revelada. Nossa reflexão tem como ponto de partida que a vontade de Deus é Dele. Parece óbvio, não é? Mas inúmeras vezes confundimos a vontade de Deus com a nossa.
Pensamos que os planos perfeitos de Deus são exatamente iguais aos nossos sonhos e projetos pessoais. Deus mesmo disse: “Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos”, declara o Senhor... os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos e os meus pensamentos mais altos do que os seus pensamentos” (Is 55:8,9 – NVI).
Entender que a vontade de Deus pode ser diferente da nossa é fundamental. Ele tem a visão do quadro todo enquanto nossa visão é extremamente limitada. Mais do que isso, Deus tem propósitos para nossa vida, e quer nos transformar à imagem do Seu Filho. Esse é o fundamento da vontade de Deus. Não é difícil perceber que existe uma guerra de vontades, entre a nossa e a Dele. É uma guerra mesmo! Tentamos convencer Deus de muitas maneiras. No processo, somos convidados a aprender o caminho da submissão ao Senhor. O mesmo caminho trilhado pelo nosso Senhor no Getsêmani: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lc 22:42 – NVI).
O cálice que o Senhor enfrentaria era de profunda dor, mas não viver a vontade do Pai seria uma dor muito maior. Ao dizer: ‘não seja feita a minha vontade’, Jesus afirmou que a Sua vontade não era o que mais importava, pois existia uma outra vontade que deveria vir primeiro, a vontade do Pai. Quanta diferença das nossas falas, orações e ações, nas quais insistimos para que a nossa vontade se cumpra...
Ao dizer: “mas a tua”, Jesus escolheu o senhorio e a vontade do Pai; se submeteu voluntariamente, sendo o Filho amado que agrada o Pai (Mt 3:17).
Pensamos que viver a vontade de Deus requer ‘abrir mão’ do que consideramos importante quanto aos desejos, planos e sonhos que acalentamos. Vemos a vontade de Deus como um peso, como algo que exige renunciarmos ao que gostamos. E não estamos de todo errados. Viver a vontade de Deus requer mesmo ‘abrir mão’ da nossa vontade, negar a si mesmo e seguir o Senhor (Mt 16:24). Enquanto o nosso ‘eu’ ocupar o centro do nosso coração, vamos resistir ao senhorio de Deus e à Sua vontade. Mas quando nosso ‘eu’ diminui, começamos a perceber que a vontade de Deus nos oferece uma realidade muito maior e melhor do que jamais imaginamos. Ele nos oferece a verdadeira vida: vida plena e vida eterna!
A vontade de Deus é que vivamos a liberdade de filhos e não sejamos mais escravizados aos pecados e coisas deste mundo (Rm 8:14-16). Como não conhecemos uma vida plena, nos agarramos ao que o mundo chama de vida e resistimos à vontade de Deus, que é boa, perfeita e agradável (Rm 12:2). Paulo diz que esta “boa, perfeita e agradável” vontade de Deus não acontece por acaso ou num passe de mágica, mas é consequência de uma mudança em nosso modo de pensar. Não percebemos o quanto temos a forma, o molde, deste mundo. Acreditamos que, por sermos cristãos, já sabemos pensar segundo Deus. Que engano! “Transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Rm 12:2). Isso é fundamental, se queremos conhecer e viver a vontade de Deus!
Davi percebeu sua dificuldade em viver a vontade do Senhor e orou: “Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; que o teu bondoso Espírito me conduza por terreno plano” (Sl 143:10 – NVI). Só quem reconhece que não sabe é que pede “ensina-me”. Davi não julgou saber a vontade do Pai, mas se colocou humildemente na posição de aprendiz, e aprendiz da vontade de Deus. Ele sabia bem que o resultado de viver a sua vontade eram caminhos tortos e amargos. É maravilhoso ver a base da oração de Davi: “pois tu és o meu Deus”. O ponto de partida para Davi era o senhorio de Deus em sua vida, o relacionamento pessoal entre ele e Deus, a quem chamava de ‘meu Deus’. Deus era o Senhor no coração de Davi e, assim, o Senhor das suas vontades.
Esse relacionamento profundo motivava Davi a se deixar conduzir pelo Espírito, em terrenos planos, coerentes com o caráter do seu Senhor. Gostaríamos de receber um mapa detalhado revelando a vontade de Deus de forma prática; talvez dizendo com quem devemos nos casar, que curso estudar, onde morar, trabalhar etc. Deus não nos fornece esse tipo de mapa, mas nos dá a Sua Bendita Palavra, onde recebemos a Sua instrução, sempre que nos colocamos submissos e dispostos a obedecer. No processo, crescemos no conhecimento e na dependência Dele.
Quatro perguntas que nos ajudam a discernir a vontade do Senhor: É para o meu bem? É para o bem de outros? Combina com a Sua Palavra? Traz glórias a Deus? São perguntas simples, que trazem luz em nosso anseio pela vontade do Senhor.
A vontade de Deus pode ser submetida a cada uma destas perguntas e será aprovada em todas! A maior dificuldade não é saber qual a vontade de Deus, mas aceitá-la e se submeter a ela. Imagine alguém que luta com o perdão, não tem vontade e nem acha justo perdoar quem o ofendeu. Se perguntar a Deus: ‘qual a tua vontade?’, qual seria a resposta? Vejamos: o perdão combina com a Palavra, traz glórias a Deus, é para o bem do outro e também para o bem da pessoa. Então, é se submeter a Deus e perdoar, contando com Seus recursos. Sempre teremos os recursos de Deus quando estivermos dispostos a viver a Sua vontade!
Te convido a avaliar sinceramente quem é o verdadeiro senhor em sua vida: você mesmo ou Deus? Se Deus é o Senhor da tua vida, ore humildemente como Davi: “ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus”! E bendito seja Deus, o Senhor das nossas vidas!
Por: Elayne Manzano
Comments